O Conselho Diretor do Instituto Terra comunica aos seus parceiros, colaboradores, patrocinadores e à sociedade em geral que desde maio de 2016 assumiu como Diretora Executiva da instituição a Sra. Isabella Salton.

A nova Diretora Executiva do Instituto Terra conta com 25 anos de experiência profissional, tendo formação nas áreas de Ciências Exatas e Biológicas (Instituto Mackenzie/SP), Administração de Empresas (FEI-ESAN/SP), “QFD”- QualityFunction Deployment (Fundação Christiano Ottoni/MG), Franchising University, capacitação em Professional & Life Coaching e “Creativity, Innovation & New Businesses” (Fondazione CUOA, Vicenza – Itália).

Ao longo de sua vida profissional, Isabella atuou em grandes organizações nacionais e internacionais, acumulando grande experiência nas áreas de Planejamento Estratégico, Gestão de Negócios e Marketing, Processos de Globalização e na estruturação de novos projetos, além de ter uma paixão especial por tudo que envolve a questão da sustentabilidade.

Isabella ingressa assumindo o desafio de promover o fortalecimento do Instituto Terra, no sentido de desenvolver parcerias e coordenar ações e projetos de recuperação ambiental em área de Mata Atlântica, que contribuam para a restauração e o desenvolvimento sustentável da região da Bacia Hidrográfica do Rio Doce.

O Instituto Terra é uma organização civil sem fins lucrativos, fundada em abril de 1998, pela iniciativa do casal Lélia Deluiz Wanick Salgado e Sebastião Salgado. Localizado na Fazenda Bulcão, Aimorés-MG, cuja área total é de 711,84 hectares – dos quais 608,69 constituem a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) -, é fruto de um projeto de recuperação de Mata Atlântica sem precedentes no Brasil em termos de área contínua.

Programação envolve escolas e comunidades de Aimorés, Resplendor e Conselheiro Pena, no leste mineiro

O Instituto Terra comemora a Semana do Meio Ambiente de hoje (02) até o dia 10 de junho com uma programação que inclui a realização de atividades educativas como palestras, oficinas e apresentações de teatro sobre proteção de nascentes, além da distribuição de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica.

As ações vão envolver escolas e comunidades dos municípios mineiros de Aimorés, Resplendor e Conselheiro Pena, contando com a participação direta dos alunos do curso intensivo em “Aperfeiçoamento Profissional em Restauração Ecossistêmica”.

O curso é coordenado pelo Núcleo de Estudos em Restauração Ecossistêmica – NERE, em funcionamento na RPPN Fazenda Bulcão, sede do Instituto Terra em Aimorés-MG, e que recebe anualmente técnicos agrícolas, ambientais, agropecuários e florestais recém-formados para uma capacitação teórica e prática na recuperação de áreas degradadas de Mata Atlântica.

Abre a programação da Semana de Meio Ambiente do Instituto Terra a palestra “Meio Ambiente e Família”, a ser ministrada pelos Agentes de Restauração Ecossistêmica no encerramento do Projeto “Meio Ambiente e Família – amor e cuidado na preservação do meio ambiente”, da Escola Municipal Honório Vicente de Oliveira, em São Sebastião da Vala, Aimorés-MG, hoje, às 17h.

Na sexta-feira (03), a programação será em Resplendor-MG, com a realização de uma “Blitz Ecológica” dentro das atividades da Semana de Meio Ambiente do Parque Estadual de Sete Salões, quando os alunos do Instituto Terra vão distribuir mudas de espécies da Mata Atlântica para os motoristas dos carros que passarem pela blitz.

Já a tradicional “Descida Ecológica do Rio Capim” envolverá uma programação especial nos distritos banhados por esse rio, que é importante fonte de água para o município de Aimorés. Entre os dias 6 e 10 de junho serão realizadas gincanas, atividades lúdicas e apresentações de teatro infanto-juvenil sobre o tema “Importância de preservar as nascentes”. Os Agentes em Restauração Ecossistêmica vão percorrer os seguintes distritos: Alto Capim (dia 6); São Sebastião da Vala (dia 7); Penha do Capim (dia 8); Conceição do Capim (dia 9) e Mundo Novo (dia 10).

Confira abaixo a programação completa da Semana de Meio Ambiente do Instituto Terra, que acontece anualmente para marcar o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado no dia 5 de junho.

Programação

02 de Junho

Palestra “Meio Ambiente e Família”, na Escola Municipal Honório Vicente de Oliveira, em São Sebastião da Vala, Aimorés-MG. Apresentação será às 17h, no Encerramento do Projeto “Meio Ambiente e Família – amor e cuidado na preservação do meio ambiente”

03 de Junho

Blitz Ecológica com distribuição de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, dentro da programação do Parque Estadual de Sete Salões, em Resplendor-MG

05 de Junho

Oficina “Porta Retrato de Papelão”, ministrada por Andressa Catharina Mendes Cunha, coordenadora dos alunos do Núcleo de Estudos em Restauração Ecossistêmica do Instituto Terra. A apresentação será para osfilhos dos funcionários da Petrobras, na Semana do Meio Ambiente da empresa, em Santos-SP

06 de Junho

Palestra “Instituto Terra e o Programa Olhos D’Água”, com apresentação da Analista de Educação do Instituto Terra, Gladys Nunes, durante a Semana do Meio Ambiente da Petrobras, em Santos-SP

06 a 10 de Junho

“Descida Ecológica do Rio Capim”, com apresentação do teatro Infanto-Juvenil “Importância de preservar as nascentes”, realização de gincanas e outras atividades lúdicas nos seguintes distritos de Aimorés: Alto Capim (dia 06); São Sebastião da Vala (dia 07); Penha do Capim (dia 08); Conceição do Capim (dia 09) e Mundo Novo (dia 10)

08 e 09 de Junho

Apresentação de Teatro Infanto-Juvenil “Importância de preservar as nascentes”, no Cine Teatro Terra, na sede do Instituto Terra, em Aimorés, com a realização também de gincanas e outras atividades lúdicas para os alunos das seguintes escolas do município: Escola Estadual Américo Martins da Costa; Escola Estadual Machado de Assis; Centro Educacional Crescer e Escola Municipal Teixeira Soares.

10 de Junho

Apresentação de Teatro Infanto-Juvenil “Importância de preservar as nascentes”, realização de gincana e de atividades lúdicas na Escola Estadual Polivalente, em Conselheiro Pena-MG

Com o objetivo de ajudar a revitalizar o Vale do Rio Doce após o rompimento das barragens em Mariana (MG), a Radix, empresa de engenharia e software, criou o Sustentabilidade Radix – Vale do Rio Doce. Com o programa, a empresa selecionou quatro projetos que vão receber apoio técnico e financeiro, sendo um deles o Olhos D’ Água, do Instituto Terra.

“Com o Sustentabilidade Radix, temos a intenção de ajudar a região atingida, tanto fomentando a economia local quanto na recuperação da área degradada. Acreditamos que essa parceria com o Instituto Terra já é um sucesso e que juntos vamos conseguir ajudar na revitalização do Rio Doce”, explicou Luiz Eduardo Rubião, CEO da Radix e idealizador do projeto.

Somando mais de 1,2 mil nascentes recuperadas e outras 1 mil em início de proteção, o programa Olhos D’ Água consiste na mobilização e adesão de produtores rurais – a maioria das nascentes encontra-se dentro de pequenas propriedades. As ações envolvem cercar as nascentes com os insumos fornecidos pelo projeto, bem como revegetar as áreas no entorno das mesmas a partir do plantio de mudas de espécies de Mata Atlântica. A iniciativa também prevê a capacitação destes produtores para adotarem técnicas sustentáveis no uso do solo.

Segundo Gilson Gomes de Oliveira Júnior, coordenador do Programa Olhos D’Água, as unidades rurais atendidas recebem ainda a instalação de fossas sépticas biodigestoras, sistema de baixo custo e de fácil instalação que evita a contaminação do lençol freático com o esgoto sanitário. Além disso, técnicos do Instituto Terra realizam a análise da água das nascentes protegidas como forma de mensurar os ganhos obtidos em termos de qualidade e aumento do fluxo hídrico.

Hoje, o programa do Instituto Terra tem recebido apoio de Governos, fundações, pessoas físicas e empresas, como é o caso da Radix. “Temos como meta proteger todas as nascentes da bacia hidrográfica do Rio Doce, estimadas em mais de 300 mil, mas, para isso, precisamos de apoio financeiro e toda ajuda é fundamental. Acreditamos que parcerias como esta com a Radix tem o poder de estimular outras adesões ao programa”, destaca Gilson Gomes.

A partir de um convênio celebrado com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Governo do Estado de Minas Gerais, o Instituto Terra vai iniciar em 2016 a recuperação de mais 1.000 nascentes da Bacia Hidrográfica do Rio Manhuaçu. Trata-se de mais um importante passo no sentido de promover a revitalização da bacia do Rio Doce a partir do Programa Olhos D’Água de proteção de nascentes.

A iniciativa também vai contemplar a instalação de fossas sépticas biodigestoras nas unidades rurais selecionadas, totalizando 500 produtores rurais e suas famílias diretamente beneficiados pelo projeto, e indiretamente toda a comunidade da região.

“Sofrendo há décadas com o desmatamento, a seca, a erosão e a poluição, a região da Bacia Hidrográfica do Rio Doce agora exige ações ainda mais emergenciais após a tragédia de Mariana. Atuar nos rios afluentes tornou-se primordial para resgatar o fluxo hídrico na bacia como um todo. Tornar a disponibilidade de água mais estável durante todas as estações do ano e melhorar a qualidade dessas águas depende da qualidade ambiental das nascentes e dos respectivos riachos e rios que se formam”, observa Jaeder Lopes Vieira, gerente Ambiental do Instituto Terra.

As nascentes exercem um papel fundamental na formação e manutenção dos recursos hídricos. Cada olho d’água representa um sistema constituído por vegetação, solo, rochas e relevo, por onde se estabelece um fluxo que alimenta cursos d’água de maior porte e que se constituem importante fator de manutenção e incremento da fauna associada. Neste sentido, além de cercar a área ao redor da nascente, o Programa do Instituto Terra doa mudas de espécies nativas de Mata Atlântica para plantio ao redor do olho d’água – nas situações que exigem recomposição florestal – visando a proteção das áreas de preservação permanente (APPs), e assim garantindo a manutenção das condições hidrológicas na região.

Desde o momento da mobilização – para garantir a adesão ao Programa – o produtor rural passa a ter participação direta nas etapas do projeto, tornando-se parceiro estratégico do Instituto Terra. Recebe capacitação e assistência técnica para unir produção com conservação, com a devida gestão dos recursos hídricos.

Além disso, o Programa Olhos D’Água atua para ajudar a resolver outro problema que penaliza o Rio Doce, que é a poluição de suas águas pelo recebimento de esgoto não tratado – a falta de saneamento é uma realidade que ainda impera e afeta quase 80% da área rural da bacia.

Diante desse quadro, o Instituto Terra inseriu entre as ações do programa a instalação de fossas sépticas biodigestoras nas unidades rurais selecionadas. De fácil instalação e baixo custo, o modelo de fossa utilizada segue a tecnologia da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural – Embrapa, e trata o esgoto sanitário doméstico das propriedades, evitando a contaminação do lençol freático.

Como ação complementar, o Programa de recuperação de nascentes permite o levantamento e análise georeferenciada das propriedades rurais atendidas, identificando o uso e a ocupação do solo, bem como as necessidades de adequação ambiental. Ao receber esses dados documentados, o produtor rural pode viabilizar o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e fazer a adesão ao Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas (PRADA) do Governo de Minas Gerais.

Para medir os resultados alcançados com a proteção de nascentes, o Instituto Terra ainda realiza o monitoramento dos recursos hídricos, mensurando os ganhos obtidos em vazão e qualidade da água das nascentes protegidas pelo Programa Olhos D’Água.

O convênio assinado com a SEMAD e que vai promover a recuperação, a proteção e a conservação dos recursos hídricos (nascente e fossas sépticas) da Bacia Hidrográfica do Rio Manhuaçu terá início neste mês de fevereiro e deverá ser finalizado até janeiro de 2018. As ações envolvidas receberão recursos da ordem de R$ 5,7 milhões oriundos do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais – Fhidro.

Outros R$ 1,1 milhão complementares para execução do projeto entram como a contrapartida do Instituto Terra, viabilizada por meio de parceria com a Arcelor Mittal Brasil, mediante a entrega dos insumos para cercamento das nascentes, como mourões, estacas e grampos.

As ações desse projeto em convênio com a SEMAD vão contar ainda com a parceria do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Manhuaçu e do Instituto Estadual de Florestas.

Sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Manhuaçu

Totalmente inserida em Minas Gerais, nas regiões da Zona da Mata e Vale do Rio Doce, abrange área de 9.189 quilômetros quadrados, integrando a macrobacia do Rio Doce. É formada pelas sub­-bacias dos rios Manhuaçu, Mutum, São Luís, Pocrane, Itueto, José Pedro e Capim, e ainda por pequenos córregos, como o Barroso, Barrosinho, Sossego, Natividade, Santana, da Barata e Lorena. O rio Manhuaçu nasce na Serra da Seritinga, na divisa dos municípios de Divino e São João do Manhuaçu e tem extensão de 347 quilômetros. Abrange, total ou parcialmente, 32 municípios: Aimorés, Alto Caparaó, Alto Jequitibá Alvarenga, Caratinga, Chalé, Conceição de Ipanema, Conselheiro Pena, Durandé, Ibatiba, Imbé de Minas, Inhapim, Ipanema, Itueta, Iúna, Lajinha, Luisburgo, Manhuaçu, Manhumirim, Martins Soares, Mutum, Piedade de Caratinga, Pocrane, Reduto, Resplendor, Santa Bárbara do Leste, Santa Rita do Itueto, Santana do Manhuaçu, São João do Manhuaçu, São José do Mantimento, Simonésia e Taparuba. A população total da área da bacia é estimada em aproximadamente 394 mil pessoas (IBGE, 2010).

Com quase duas décadas de atuação no vale do rio Doce, o Instituto Terra já contribuiu para a recuperação de mais de 7,5 mil hectares de Mata Atlântica na região, a produção de mais de 4,5 milhões de mudas nativas e a proteção de mais de 1,2 mil nascentes, além da capacitação, por meio dos projetos de educação ambiental, de diferentes públicos, como agricultores, professores, estudantes, líderes comunitários, técnicos de empresas e de governos atuantes na questão ambiental, bem como a população das comunidades atendidas, de 176 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo.

Desde a sua fundação, em 1998, a organização civil sem fins lucrativos conta com o patrocínio e apoio financeiro de empresas, governos, outras instituições do terceiro setor e doações individuais, tanto do Brasil como de outros países.

Os recursos obtidos mediante a participação em editais, apresentação de projetos ou recebimento de doações são aplicados nas ações propostas, com as informações tornadas públicas por meio dos comunicados de parcerias, podendo ser consultadas no site institucional, bem como nos demonstrativos financeiros, devidamente auditados por auditoria externa independente.

O Instituto Terra se posiciona diante dos patrocínios com total liberdade e em consonância com os seus princípios, conforme consta em seu Estatuto, sem subordinação a interesses conflitantes ou que arrisquem sua independência ou autonomia, sempre primando pela transparência.

Da mesma forma, o Instituto Terra tem como cláusulas de seu Estatuto não se envolver em questões e campanhas político-partidárias e também não permitir que sejam eleitos ou se mantenham nos Conselhos, Diretor e Fiscal, postulantes ou ocupantes de cargos eletivos na administração pública federal, estadual ou municipal.

O Instituto Terra acredita no respeito à lei e às instituições, no diálogo e no compartilhamento de experiências e técnicas, assim como na necessidade de atuação em conjunto dos vários setores da sociedade, incluindo as iniciativas públicas e privadas, sempre no sentido de tornar viável e possível o ideal de um modo de vida que respeite plenamente a natureza.

O desastre ambiental no Rio Doce decretou a morte ecológica de um rio federal com mais de 800 km e atingiu a vida de toda a população à sua volta, envolvendo conseqüências imediatas e prejuízos em longo prazo.

O Instituto Terra, que iniciou suas atividades refazendo a natureza de um vale profundamente degradado, vem dedicando toda a sua trajetória na revitalização da bacia do Rio Doce. Ao longo dos últimos 17 anos reuniu conhecimento técnico suficiente para entender que qualquer ação humana para recuperar a região precisaria ser coordenada e conectada a um projeto consistente de resgate e proteção das mais de 370 mil nascentes do Rio Doce, somado ao reflorestamento de áreas prioritárias como matas ciliares, áreas de proteção permanente e de Reserva Legal, com o objetivo de restabelecer água, restaurar algumas funções ecológicas do solo e contribuir para a melhoria do clima.

Este projeto, que já se constituía em uma iniciativa de grande alcance, agora se tornou emergencial, diante das conseqüências da catástrofe ambiental que atinge proporções alarmantes. Além das vidas ceifadas, do problema do abastecimento de água imediato da população e dos animais, bem como das providências para a reestruturação social e econômica da região, é preciso acelerar as medidas compensatórias para evitar que os danos se multipliquem, além do que já se mostra inevitável.

As ações somadas precisam envolver todos os aspectos da questão, como meio ambiente, saúde, trabalho e renda para várias categorias profissionais em atuação em um Vale que abriga mais de 4 milhões de pessoas.

Para reimplantar a vida no Rio Doce será preciso muito empenho, compartilhamento de tecnologias, e de recursos, tendo em vista a alta complexidade envolvida.

Com a proposta de criação de um fundo de volume financeiro significativo para custear todas essas ações compensatórias, o Instituto Terra espera uma grande união no sentido de permitir esse resgate, envolvendo o Governo federal, governos estaduais e municipais, Ministérios Públicos Estaduais e o Federal, e também Universidades, Centros de Pesquisa, ONGs, sociedade e iniciativa privada.

A lama densa ocupa o leito do rio, e vai se sedimentando e esterilizando a vida ecológica do Doce. O ecossistema vai ser todo alterado, com reflexos ainda desconhecidos na qualidade e quantidade da diversidade aquática que possa sobreviver. Do ponto de vista ambiental, muitas perdas são irreparáveis ao longo de todo o trajeto do rio até a sua foz, onde deve afetar inclusive a vida marinha hoje presente.

Mas o problema da água terá outras vertentes, comprometendo a qualidade de vida na área da bacia. Além da poluição lançada pelas indústrias e pelas outras atividades produtivas, a questão do saneamento, uma dívida histórica dos governos da região, deverá ser imediatamente atacada para evitar a proliferação em alto grau de bactérias junto a essa mistura de água e rejeitos. Sem a atuação da vida ecológica do rio isto certamente vai transformar o que foi ontem um rio vivo em um grande caudal de bactérias, com sérios riscos para a saúde da população, contaminando o solo e os produtos agrícolas produzidos na região.

O restabelecimento das matas ciliares, dos topos de morro, das áreas de proteção permanente e de reserva legal, uma exigência da legislação brasileira, se constitui em ação urgente como solução inicial ao resgate da biodiversidade e à diminuição da erosão. Essa cobertura florestal pode se constituir num filtro natural ao carreamento de detritos e rejeitos pelas águas da chuva até os corpos d’água que se dirigem à calha principal do rio.

O Rio Doce conta com um verdadeiro sistema de água, constituído por seus afluentes e os afluentes de seus afluentes. Somente a recuperação e a proteção de todas as nascentes podem ajudar a aumentar a produção de água de maneira suficiente para aumentar o volume na calha principal e assim permitir um repovoamento futuro, mesmo que parcial, da fauna e da flora. A restauração ecossistêmica das florestas igualmente contribuirá para a recuperação de funções ecológicas fundamentais ao Rio Doce.

Com conhecimento e tecnologias adaptadas à bacia do Doce, o Instituto Terra entende que pode ajudar a acelerar esse processo de reconstrução. O projeto piloto de recuperação das nascentes já foi testado, foi aprovado pela Agência Nacional das Águas (ANA) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, contando com o reconhecimento da ONU-Água.

A criação de um fundo financeiro nos moldes que o Instituto Terra está propondo deverá ser nas proporções necessárias para absorver todos os investimentos e as ações destinadas a garantir a continuidade da vida no Vale do Rio Doce, gerando recursos contínuos para projetos ambientais, sociais, econômicos e de geração de emprego e renda em toda a região.

“Nossa proposta é a de criação de um fundo significativo, mas dedicado exclusivamente aos projetos para recuperação ambiental da área da bacia do Doce. Será preciso um controle efetivo para evitar qualquer desvio de sua função ou o emprego em projetos que não correspondam às necessidades de reabilitação do Vale do Rio Doce. Precisamos a todo custo evitar a tentação de utilização desses recursos em programas ou ações que já eram devidos à população anteriormente a essa catástrofe, desvirtuando-o de sua proposta inicial. Precisamos evitar o varejo desse fundo. É essencial que ele seja aplicado, exclusivamente, na reconstrução desse vale destruído, afinal, trata-se mais de questão de interesse social e coletivo, do que de políticas de governos”, afirma Sebastião Salgado, cofundador e vice-presidente do Instituto Terra, ressaltando a necessidade de que o Governo federal inicie de forma ágil a negociação com as empresas responsáveis pelo desastre, para que os valores possam ser depositados em uma entidade bancária responsável nos moldes já existentes do fundo especial para a Amazônia, sob custódia do BNDES.

A tragédia faz retornar no tempo e relembrar o início do Instituto Terra, só que frente a um problema ambiental amplificado e a uma urgência sem precedentes. A maior diferença é que hoje a instituição conhece profundamente a região, as condições ambientais e a tecnologia para a recuperação ecossistêmica, além da vontade enorme de conseguir realizar.

Instituto Terra

Solidário a todos os atingidos pelo rompimento das barragens de rejeitos no município de Mariana, em Minas Gerais, em especial aos familiares das vítimas, o Instituto Terra entende que o momento exige ações urgentes dos poderes constituídos, no sentido de minimizar o sofrimento da população envolvida e dos impactos causados ao meio ambiente, ao mesmo tempo em que deve atuar na responsabilização das empresas envolvidas, de acordo com a legislação brasileira, no sentido de efetivar a integral compensação pelos danos causados.

Durante toda a sua existência, o Instituto Terra pautou-se pelo verdadeiro sentido da palavra sustentabilidade, buscando ser interlocutor, mediador dos conflitos locais, mas também apresentando soluções técnicas efetivas para promover o equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente.

Diante do acontecido, o Instituto Terra imediatamente mobilizou todo o seu corpo técnico na elaboração de um projeto para recuperação do Rio Doce. A proposta prevê a criação de um Fundo com recursos financeiros subsidiados pelas empresas responsáveis pelo desastre, que possibilite, além da recuperação de nascentes, absorver todos os investimentos e ações destinados à reconstrução das condições ecológicas, bem como gerar recursos contínuos para projetos sociais, econômicos e de geração de emprego e renda em toda a região que constitui essa bacia hidrográfica.

O fundo deve permitir a criação de um patrimônio perpétuo para promover uma grande transformação no Vale do Rio Doce, saindo de um quadro de intensa devastação para um ambiente equilibrado, desenvolvido e produtivo.

O projeto já foi discutido com os Governadores de Minas Gerais e do Espírito Santo, bem como com o Governo federal. Cofundador e Vice-Presidente do Instituto Terra, Sebastião Salgado tratou do tema diretamente com a presidente Dilma Rousseff, na manhã desta sexta-feira (13 de novembro), em Brasília, que se mostrou empenhada e favorável à iniciativa, e assumiu o compromisso de criar um comitê para negociar com as empresas responsáveis pelas barragens de Mariana.

Além do Governo federal e dos Governos Estaduais, o plano para recuperação do Rio Doce deve envolver os governos municipais, a iniciativa privada e a sociedade civil organizada, para pleno direcionamento dos recursos e tecnologias a serem empregados na região.

Já sabíamos que restabelecer a vida do Rio Doce seria um processo difícil e de longo prazo. Agora, exigirá mais empenho e urgência nas ações, bem como uma aprendizagem ambiental compartilhada com a sociedade.

Mais do que nunca, o resgate do Rio Doce, destruído ecologicamente pelo desastre, passará por medidas de recuperação de todas as nascentes da bacia, para garantir uma maior produção de água, bem como a reconstituição das matas ciliares e das reservas legais, para evitar a sobreposição e acúmulo de mais resíduos, assim como o fortalecimento de um modelo agroecológico de produção rural. Somadas a outras ações socioambientais e de monitoramento, de toda a cadeia produtiva, em especial a industrial, acreditamos que será possível alcançar o pleno restabelecimento da região.

O Instituto Terra reafirma seu compromisso com a missão de replantar a Mata Atlântica e trazer de volta a vida, a água, ao Vale do Rio Doce, com projetos conectados e voltados diretamente para a promoção do desenvolvimento pleno de um Vale que há anos sofre com os efeitos da degradação ambiental.

Produtores rurais de Colatina e Baixo Guandu começaram a receber os materiais para cercar as nascentes que vão ser recuperadas e protegidas pelo Programa Olhos D’Água do Instituto Terra. Os dois municípios do Espírito Santo são bastante atingidos pela crise hídrica que assola o Rio Doce e vão ganhar mais 30 nascentes revitalizadas até meados de 2016, graças ao apoio da Fundação Anne Fontaine, com sede nos EUA.

Técnicos do Instituto Terra já efetivaram a entrega de mourões, arames e grampos suficientes para cercar 13 nascentes, sendo que nas próximas semanas serão entregues os insumos para as outras 17 nascentes cadastradas.

O trabalho de isolamento dos olhos d’água é realizado pelos próprios produtores a partir da assistência técnica do Instituto Terra, que também realiza o estudo georeferenciado das propriedades atendidas, formalizando propostas de adequação ambiental e permitindo a inscrição da unidade rural no CAR (Cadastro Ambiental Rural), uma das exigências do novo Código Florestal.

O Instituto Terra está perto de concluir a capacitação da 11º turma do curso pós-técnico em restauração ecossistêmica, com especial foco em áreas degradadas de Mata Atlântica. O curso é anual e oferecido gratuitamente, sendo que neste ano de 2015 contou com o apoio da Vale e da Fundação Aperam Acesita para sua realização.

Os 20 alunos em formação tiveram a oportunidade de participar de 1.700 horas/aula, incluindo além dos conhecimentos técnicos, principalmente atividades de campo envolvendo produção de mudas nativas de Mata Atlântica, reflorestamento de APPs e de Reservas Legais, proteção de nascentes e assistência técnica direta a pequenos produtores rurais, entre outras ações.

A aluna Juliana Aparecida Salarini Miranda ressalta que essa oportunidade de aprender na prática é o grande diferencial do curso. “Isso torna mais concreto o que deve ser compreendido por nós, alunos. E em todos os momentos e em todas as aulas temos cada vez mais certeza de que é isso que vamos querer fazer da vida, porque o futuro da humanidade está em nossas atitudes”.

Os alunos participantes ficam hospedados no Núcleo de Estudos em Restauração Ecossistêmica (NERE), uma estrutura própria na RPPN Fazenda Bulcão, a sede do Instituto Terra em Aimorés-MG. Além de alojamento e alimentação, cada aluno recebe ainda uma ajuda de custo mensal durante o período de formação.

A capacitação é voltada para técnicos agrícolas, agropecuários, florestais e de meio ambiente recém-formados, que após concluir a formação poderão atuar junto à comunidade rural, ajudando a disseminar um modelo de produção agropecuária mais sustentável. Para isso, a formação teórica e prática dos alunos envolve desde conhecimentos de Educação Ambiental e formação de brigadas para combate a incêndios florestais, até a implantação de viveiros para produção de mudas da Mata Atlântica, bem como sobre apicultura, monitoramento da cobertura florestal e recuperação de áreas degradadas.

“A Educação Ambiental trabalha exatamente isso, a transformação da mente das pessoas, para que sejam críticas o suficiente para poder identificar e melhorar problemas do meio ambiente. Poder trabalhar com isso é uma honra e uma missão belíssima”, avalia Juliana Miranda.

A capacitação é oferecida pelo Instituto Terra desde 2005 e já formou mais de 90 técnicos, sendo que desse total, mais de 80% estão atuando em sua área de formação, em suas cidades de origem, em pequenas propriedades de região, principalmente a partir de projetos dos Governos de Minas Gerais e do Espírito Santo na área ambiental.

Em 2008, a iniciativa garantiu ao Instituto Terra a conquista do Prêmio Ford Motor Company de Conservação Ambiental, na categoria Ciência e Formação de Recursos Humanos, pelo envolvimento com a comunidade e, sobretudo, pela proposta responsável de tornar o conhecimento científico acessível a pessoas do campo, que muitas vezes não têm acesso ao estudo formal.

A OMEGA Engineering e o Instituto Terra formalizaram uma parceria que vai permitir maior controle e precisão tanto na produção de mudas nativas para reflorestamento de Mata Atlântica como no monitoramento da vazão de água das nascentes protegidas pelo programa Olhos D’Água.

Com a nova parceria, o Instituto Terra contará gratuitamente com os equipamentos da OMEGA Engineering para aprimorar as ações realizadas no viveiro do Instituto Terra – como pesar as sementes, automatizar a irrigação, dar suporte na rede elétrica, mensurar a condutividade e a umidade do solo para garantir maior sucesso na implantação das mudas – e também no monitoramento da água das nascentes com a medição da turbidez e da vazão.

“Quando conhecemos o Programa Olhos D’Água ficamos motivados em colaborar. Contribuir para o desenvolvimento, a educação e a sustentabilidade dos países onde atuamos são valores importantes para a OMEGA Engineering”, explica Flavia Ferraro, especialista em Marketing da empresa.

Desenvolvido desde 2010 na região do Vale do Rio Doce, entre os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, o Programa Olhos D’Água do Instituto Terra já ajudou a salvar da extinção mais de 1,2 mil nascentes e atendeu diretamente mais de 500 produtores rurais, que hoje estão colhendo os frutos da proteção, como a maior oferta de água em suas propriedades e aumento da produção agropecuária.

Em uma nova etapa do Programa, o Instituto Terra pretende iniciar até o final de 2015 a proteção de outros 4,7 mil olhos d’água na região, beneficiando mais de 2,4 mil produtores rurais.

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