A natureza em seu estado mais puro, só encontrada em pontos extremos do planeta, onde a interferência humana é mínima ou está em perfeito equilíbrio com o meio ambiente. Esse foi o ponto de partida para provocar a reflexão e sensibilização de estudantes do ensino fundamental das 11 escolas de Resplendor, em Minas Gerais, para a necessidade urgente de o homem assumir uma nova postura em relação ao meio ambiente, pautada pelo espírito da conservação.

Paisagens físicas e humanas registradas pelo fotógrafo Sebastião Salgado em expedições pelo mundo dentro do projeto Genesis deram forma e conteúdo ao Projeto Educacional de mesmo nome, que no ano de 2012 envolveu 165 professores atuantes nas unidades de ensino públicas e privadas do município mineiro.

A partir da capacitação oferecida pelo Instituto Terra, os educadores puderam guiar seus alunos nessa viagem em busca do conhecimento necessário para resgatar o equilíbrio da vida na Terra, como propõe o autor das imagens: “Uma das razões que me levou a dedicar parte da vida fotografando a natureza é o sentimento de profundo amor por nosso planeta. Em Genesis, meu objetivo é encontrar e revelar um mundo onde a natureza e animais, incluindo os humanos, ainda vivem em equilíbrio. Como sempre, fotografo em preto-e-branco para oferecer uma nova maneira de perceber a pureza e a graça da natureza. Criando uma identidade especial com essas imagens, pretendo transmitir a mensagem de que a existência humana, agora ameaçada pela extinção, precisa de proteção”, relata Sebastião Salgado.

Sensibilizados pelas fotografias, os alunos concluíram o aprendizado produzindo trabalhos gráficos que integraram a Mostra Ecopedagógica “Conexão biodiversidade: a essência da vida”, realizada no final de novembro, nas dependências do Instituto Terra, em Aimorés-MG. A mostra recebeu um público de 724 alunos do município de Resplendor, sendo uma das ferramentas para mobilização da classe estudantil em torno da temática ambiental.

“Embora as fotos do projeto fotográfico Genesis apresentem situações de âmbito mundial, o projeto educacional utiliza estratégias formativas voltadas para a ação local, estimulando os alunos a associarem os problemas abordados à sua própria experiência de vida, tomando iniciativas para melhorar essa realidade”, explica Gladys Nunes, analista educacional do Instituto Terra e coordenadora do projeto no município de Resplendor.

O Projeto Educacional Genesis foi iniciado em 2005 e baseia-se em fotografias produzidas por Sebastião Salgado justamente com a finalidade de sensibilizar as pessoas e levá-las à reflexão sobre a relação homem-natureza. A primeira aplicação desse projeto, realizada no período de 2006 a 2007, ocorreu em 80 escolas municipais e estaduais e em 13 escolas particulares dos cinco municípios da região metropolitana de Vitória-ES, quando contou com apoio da Unesco, Editora Bei, Amazonas Images e da siderúrgica Arcelor-Mittal Tubarão.

Ao levar o projeto educacional Genesis para escolas do Vale do Rio Doce, o Instituto Terra confirma sua missão de promover a educação ambiental na região, com foco na promoção do desenvolvimento sustentável. As fotografias de Sebastião Salgado foram transformadas em manuais, cartazes e vídeos que foram utilizados pelas escolas de Resplendor durante as aulas e oficinas desenvolvidas dentro do projeto educacional, cuja proposta pedagógica se insere nas recomendações da Unesco para a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável.

Um ano após as primeiras ações para proteção de 27 nascentes da microbacia do córrego Santa Rosa, afluente da bacia do Rio Guandu, o Instituto Terra já identifica uma melhoria considerável na qualidade da água nesses mananciais. As ações estão sendo realizadas a partir de projeto viabilizado junto ao Fundágua – Fundo Estadual de Recursos Hídricos do Espírito Santo, cuja conclusão está prevista dezembro de 2013.

As nascentes isoladas e monitoradas estão localizadas na comunidade de Santa Rosa, no distrito de Ibituba, município de Baixo Guandu, no Espírito Santo. A primeira fase do monitoramento dos recursos hídricos, finalizada no segundo semestre deste ano, evidenciam a redução dos níveis de contaminação da água – redução de 78% em coliformes totais e 88% em coliformes fecais, segundo análise realizada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guandu.

Cobertura vegetal – Hoje, além de cercadas, todas as 27 nascentes também receberam mudas nativas de espécies da Mata Atlântica, para o replantio das matas ciliares, que também já apresentam evolução da flora próxima aos corpos d’água, tanto em número de espécies quanto em tamanho da área reflorestada. O projeto junto ao Fundágua prevê o enriquecimento florestal do entorno das nascentes, somando ao todo 12,13 hectares.

Como a área envolvida apresenta diferentes fito fisionomias e estágios quanto à composição arbórea/vegetal, o Instituto Terra está promovendo o reflorestamento com diferentes espécies arbóreas de ocorrência local ou regional, a fim de aumentar a composição florística e a biodiversidade.

E para medir os resultados alcançados em termos de cobertura florestal após o desenvolvimento do projeto, estão sendo monitoradas as seguintes informações: número de espécies presentes na área; taxa de sobrevivência das mudas plantadas; altura média das mudas plantadas e sobreviventes na área; e relatório fotográfico e descritivo sobre a regeneração natural de indivíduos presentes na área.

Com 26 produtores mobilizados e 17 nascentes da bacia hidrográfica do Rio Guandu cadastradas para proteção, o Instituto Terra conclui uma importante etapa do projeto Doces Nascentes Capixabas II, dentro do programa Olhos D’Água. Sendo assim, cada uma dessas propriedades atendidas conta agora com uma análise detalhada do atual uso e ocupação solo, bem como dos passos necessários para promover a proteção dos seus mananciais.

Focado em afluentes da bacia localizados dentro do município de Baixo Guandu, no Espírito Santo, o projeto está sendo realizado desde agosto de 2011 com o apoio da Energest e do Instituto EDP Energias do Brasil. Também são parceiros nas ações o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do ES (Idaf), Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Baixo Guandu (Semam) e Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).

Cada produtor envolvido assinou um termo de compromisso, assumindo a responsabilidade pelo fornecimento da mão-de-obra para o cercamento das nascentes, enquanto os insumos são fornecidos pelo projeto. Os produtores também vão receber, ainda neste mês de dezembro, mudas nativas para efetivar o plantio no entorno das nascentes, restabelecendo as matas ciliares.

Para medir o ganho efetivo em termos de qualidade e quantidade (vazão) dos recursos hídricos na área do projeto, técnicos do Instituto Terra e da SAAE já promoveram a coleta de água para efetivar a análise físico-química de cinco das 17 nascentes cadastradas. Uma nova coleta será feita em outubro de 2013, para efeito de comparação, permitindo determinar concretamente os benefícios da preservação.

E o Instituto Terra, também como o apoio do Instituto EDP, já se mobiliza para ampliar as ações de recuperação dos ecossistemas naturais associados às nascentes da bacia hidrográfica do Rio Guandu a partir de 2013. Serão mais 50 olhos d’água a serem protegidos, envolvendo a mobilização de mais 50 produtores rurais no município de Baixo Guandu, num período de dois anos.

Duzentos pequenos produtores rurais de 22 municípios do Médio Rio Doce estão recebendo assistência técnica do Instituto Terra para adequação ambiental de suas propriedades e posterior ingresso no Bolsa Verde, um programa do Governo de Minas Gerais que propõe o pagamento por serviços ambientais a proprietários e posseiros de terras que já preservam ou que se comprometem a recuperar a vegetação de origem nativa em suas propriedades ou posses.

Os estudos de zoneamento físico e ambiental dessas unidades estão sendo efetivados pelo Instituto Terra a partir de convênio firmado com o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF-MG), através de Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, dentro do “Projeto Estratégico de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga”. O Instituto Terra já realizou o mapeamento em 155 do total de 200 unidades produtivas contempladas pelo projeto, que tem previsão de conclusão até março de 2013.

A partir da análise do uso e ocupação do solo dessas unidades produtivas, e da elaboração do plano para adequação ambiental de cada unidade, de acordo com o novo código florestal, o objetivo final é promover a restauração ecossistêmica do bioma Mata Atlântica numa área total de 1,6 mil hectares no Médio Rio Doce.

Os produtores atendidos são dos municípios de Governador Valadares, Conselheiro Pena, Mantena, Taparuba, Ipanema, Resplendor, Mutum, Pocrane, Aimorés, Itueta e Santa Rita do Itueto, Alvarenga, São Geraldo do Baixio, Galiléia, Cuparaque, Goiabeira, Central de Minas, Marilac, Caratinga, Imbé de Minas, Inhapim e Piedade de Caratinga.

“O envolvimento dos pequenos proprietários rurais é um dos principais fatores para garantir a efetividade e continuidade das ações de recuperação ambiental. Por isso uma das principais metas estabelecidas é a assistência técnica direta a esse pequeno produtor, para que ele possa aderir às técnicas da agricultura sustentável, preservando o meio ambiente”, destaca o superintendente Executivo do Instituto Terra, Adonai Lacruz.

Além disso, de maneira associada, estão sendo desenvolvidas atividades de educação ambiental nas comunidades da região atendida pelo projeto, também objetivando estabelecer uma nova consciência, voltada para a conservação dos recursos naturais.

O projeto contempla ainda o monitoramento em outros mil hectares de área, onde anteriormente foram realizadas, pelo Instituto Terra, ações de restauração florestal na região, patrocinadas pelo Governo de Minas Gerais com o apoio financeiro do ITTO. Nestas áreas já manejadas será realizado um diagnóstico do atual estágio de reflorestamento e promovidas as ações necessárias para sua manutenção, como replantios, coroamentos, roçadas e enriquecimento.

O Instituto Terra, Instituto de Conservação Ambiental The Nature Conservancy do Brasil – TNC e o Instituto Estadual de Meio Ambiente – IEMA vão atuar em conjunto na recuperação da paisagem florestal em 400 hectares de vegetação nativa de Mata Atlântica em quatro municípios do Estado do Espírito Santo. Iniciado em 30 de outubro, o projeto prevê ações até fevereiro de 2017 em áreas localizadas em Colatina, Baixo Guandu, Itaguaçu e São Roque do Canaã.

As ações de recuperação florestal a serem promovidas estão de acordo com as diretrizes traçadas pelo Reflorestar – Programa Estadual de Aumento da Cobertura Florestal, do Governo do Estado do Espírito Santo e que tem como meta aumentar a cobertura florestal do Estado em 30 mil hectares até 2015.

O Reflorestar une ferramentas como pagamento por serviços ambientais e restauração florestal de áreas de preservação permanente, de reserva legal, bem como visa promover a mudança do uso e ocupação do solo para modelos mais sustentáveis de produção, de forma a atrair produtores rurais em todo o Estado.

O TNC e o Instituto Terra vão atuar como uma Unidade Executora do Reflorestar, realizando desde ações como mobilização de produtores rurais, cadastramento e mapeamento de áreas, até a elaboração de projetos de restauração florestal e a entrega de produtos de forma a atender e facilitar o pagamento por Serviços Ambientais e o recebimento de insumos (mourão, arame, grampos, mudas, etc) para serem distribuídos aos produtores rurais inscritos no programa. Inicialmente, essa Unidade Executora vai atuar em uma área piloto, envolvendo os quatro municípios capixabas.

Vale destacar que tanto o TNC quanto o Instituto Terra já tem trabalhado na mobilização e prospecção de áreas para o Programa de PSA Estadual, até então denominado de ProdutorES de Água. Um dos objetivos do Governo do Espírito Santo é agora unir os dois programas de PSA atuais – ProdutorES de Água e Florestas para a Vida – em um só programa. Dessa forma, o cadastro de áreas realizado anteriormente pelo Instituto Terra e o TNC poderá ser útil para dar início ao Programa Reflorestar.

Fundadores do Instituto Terra, Lélia Wanick e Sebastião Salgado recebem prêmio da WWF-Brasil

AA WWF-Brasil, conceituada organização não-governamental brasileira dedicada à conservação da natureza, concedeu a terceira edição do seu Prêmio Personalidade Ambiental ao casal Lélia Wanick e Sebastião Salgado, fundadores do Instituto Terra.

Segundo apontou a WWF-Brasil, a promoção da restauração da Mata Atlântica, da conservação e uso equilibrado do meio ambiente, a formação profissional, evitando o êxodo e trazendo de volta os habitantes que foram obrigados a migrar, são algumas das iniciativas que estabeleceram o Instituto Terra como um centro de excelência nas áreas de recuperação e educação ambiental, desenvolvimento sustentável e mobilização social, motivando a premiação.

“Ficamos muito felizes com esse prêmio, que não é apenas nosso, mas de toda a equipe do Instituto Terra. A Lélia é a principal gestora dessa iniciativa, e eu ajudo na captação de recursos”, afirmou Sebastião Salgado, destacando que um dos diferenciais do Instituto Terra é justamente ser uma instituição que trabalha diretamente na implementação de projetos no campo. “Acredito que fazemos um dos mais interessantes trabalhos de conservação no Brasil, promovendo não apenas a consciência ecológica, mas a transformação na vida das pessoas, formando professores, alunos, técnicos agrícolas, gestores públicos, gerando promoção social e renda em nosso entorno”.

Os fundadores destacam ainda algumas iniciativas inovadoras da organização ambiental, como o laboratório de sementes e o viveiro de mudas, que produz atualmente 1,2 milhão de plantas de mais de 350 espécies nativas da Mata Atlântica. “Queremos chegar a 5 milhões de mudas, numa área de 10 hectares, em regime sazonal (novembro a janeiro), e ser uma referência botânica online”.

Com parcerias de governos do Estado de Minas e Espírito Santo, o Instituto é financiado por empresas, doações de pessoas físicas, jurídicas e de fundações internacionais. Conta hoje com 130 funcionários e tem capacidade para receber 125 alunos-residentes.

O prêmio – Entregue a cada dois anos, o Prêmio WWF-Brasil Personalidade Ambiental é concedido a uma pessoa reconhecida por seu trabalho pela conservação da natureza e pela promoção do desenvolvimento sustentável no nosso país. A primeira edição do prêmio foi entregue a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Em 2010, foi a vez do climatologista Carlos Nobre, coordenador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e atual secretário de Políticas e Programas de Pesquisas e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia.

O Instituto Terra – Associação civil, sem fins lucrativos, fundada em 1998, o Instituto Terra atua na restauração ecossistêmica, produção de mudas nativas, extensão ambiental, pesquisa científica aplicada e educação ambiental, na região do Vale do Rio Doce, entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, Brasil. Está sediado na Fazenda Bulcão, em Aimorés (MG), numa área de 676 ha reconhecida como Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) – o título conserva seu ineditismo por se tratar da primeira RPPN criada em uma área degradada, com o propósito de vir a ser reflorestada.

Em 14 anos o Instituto Terra já capacitou mais de 60 mil pessoas, de 176 municípios, entre agricultores, professores, alunos, técnicos ambientais e lideranças comunitárias. Atuou em projetos de restauração ecossistêmica que somam mais de 55 milhões de m² de Mata Atlântica e produziu mais de 3,5 milhões de mudas nativas.

Atua desde 2009 como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – RBMA em Minas Gerais e recentemente o seu trabalho para revitalização dos recursos hídricos desenvolvido em afluentes da Bacia Hidrográfica do Rio Doce foi escolhido como uma das 70 melhores práticas, em desenvolvimento no mundo, pela ONU-Água.

A partir da experiência obtida com o reflorestamento de áreas degradadas de Mata Atlântica nos últimos 14 anos, o Instituto Terra vai realizar, pelo período de um ano, o monitoramento da fauna e da flora existente nos 781 hectares do Cinturão Verde estabelecido pela siderúrgica ArcelorMittal Tubarão em sua planta industrial no município de Serra (ES).

Os dados coletados durante o monitoramento serão utilizados na elaboração do mapa dos ecossistemas presentes na área, que hoje abriga mais de 2,6 milhões de árvores e arbustos.

O Cinturão Verde, que representa quase 60% de toda a área da empresa em Tubarão, apresenta vegetação típica da Mata Atlântica e de seus ecossistemas associados, com predominância da formação Floresta de Tabuleiro. A análise da evolução dessa cobertura vegetal e o conhecimento da composição faunística de aves e mamíferos (dados que já vem sendo monitorados pela siderúrgica ao longo dos anos) servem como indicadores biológicos para determinar o estado de conservação desse hábitat e de seus benefícios para a coletividade.

Para registro das aves, a metodologia empregada no monitoramento de fauna será: rede de neblina, censo por ponto e observação livre, registro de mamíferos com armadilhas de vida livre, busca direta e armadilhas fotográficas. Já para o monitoramento de flora, a vegetação será classificada por meio de suas características fisionômicas, florísticas e fitossociológicas.

Um total de 242 pequenos produtores rurais do Médio Rio Doce tem em mãos, de maneira documentada, todas as informações necessárias para promover a adequação ambiental de suas propriedades. Fruto de um projeto efetivado pelo Instituto Terra em parceria com a Fundação Banco do Brasil, o mapeamento ambiental realizado apontou que, em geral, essas unidades produtivas exigem ações urgentes de recuperação ambiental, em pelo menos 30% de sua área total. São principalmente ações como reflorestamento em Áreas de Proteção Permanente e de Reserva Legal, e também a proteção de nascentes.

As propriedades atendidas pelo projeto estão localizadas nos municípios mineiros de Aimorés (61 propriedades) e de Conselheiro Pena (60 propriedades), e no município de Colatina, no Espírito Santo, com 121 unidades produtivas participantes.

O projeto “Adequação Ambiental de Propriedades” identificou que, dos 7.647,84 hectares analisados, 1.888,21 hectares são passíveis de reflorestamento na região. Além disso, o mapeamento mostra que831,14 ha estão localizados em áreas de preservação permanente (APP), de nascentes e matas ciliares e outros 1.057,07 ha de área tem aptidão para reserva legal.

Todos esses resultados e, inclusive os croquis das propriedades, já foram entregues aos produtores atendidos pelo projeto. “Sabemos que para os pequenos produtores é difícil, sozinhos, promoverem os ajustes necessários, até mesmo pela falta de recursos financeiros. Por isso, estamos buscando apoio junto a outros parceiros, para viabilizar essa adequação nas pequenas propriedades e assim promover o aumento da cobertura vegetal no Vale do Rio Doce”, afirma Adonai Lacruz, superintende Executivo do Instituto Terra.

Neste sentido, já estão em curso o reflorestamento em 90 hectares e a proteção de 100 nascentes, dentro do total apontado pelo projeto como passível de recuperação. Neste primeiro momento, os recursos utilizados para essa adequação são provenientes de passivos ambientais de empresas que atuam na região, tendo os repasses garantidos através de convênios celebrados com o Ministério Público Federal (Procuradoria de Governador Valadares), e o Sindicato das Olarias do Norte do Espírito Santo (Sindicer).

“Com a garantia dos recursos, tornamos as ações efetivas, com base nos projetos técnicos já elaborados para as propriedades, observando nossa metodologia de recuperação florestal”, explica Lacruz.

Conselheiro Pena – No município de Conselheiro Pena, por exemplo, com o direcionamento de recursos oriundos de uma TAC Ambiental, o Instituto Terra levou o seu Programa Olhos d’Água, visando proteger 13 das 15 nascentes identificadas dentro da área de 60 propriedades atendidas pelo projeto de Adequação Ambiental no município. A recuperação se dá pelo isolamento da nascente e plantio de mata ciliar, sendo os insumos doados ao produtor, que se responsabiliza pela mão-de-obra sob o acompanhamento técnico do Instituto Terra.

Números do Projeto Adequação Ambiental – Instituto Terra e Fundação Banco do Brasil

Município Nº de Propriedades Área total (ha) (ha) passíveis de recuperação % passíveis de recuperação Nascentes com recurso a serem recuperadas (*)
Colatina 121 2980,26 699,81 23,48% 50
Conselheiro Pena 60 2699,93 677,76 25,10% 13
Aimorés 61 1967,65 510,64 25,95% 36
Total 242 7.647,84 1888,21 25% 99

Tamanho médio das propriedades

Município Tamanho Médio (Hectares) das Propriedades
Colatina 24,63
Conselheiro Pena 32,26
Aimorés 45

RPPN Fazenda Bulcão é refúgio para espécies ameaçadas da fauna brasileira

Área do Instituto Terra é segundo local de maior ocorrência do papagaio Chauá na microrregião de Aimorés-MG
Após 14 anos de atividades, o Instituto Terra comemora a recuperação florestal de 80% da RPPN Fazenda Bulcão, localizada em Aimorés (MG). Palco de um importante processo de resgate da biodiversidade da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce, a área reflorestada é hoje refúgio seguro para espécies ameaçadas da fauna brasileira.

Registros do monitoramento anual comprovam que vivem na RPPN desde pequenos invertebrados, como formigas, besouros e borboletas, até uma família de jaguatiricas (Leopardus pardalis), numa marcante demonstração de que o ciclo da cadeia alimentar foi restabelecido na área reflorestada – que há pouco mais de uma década estava completamente degradada.

Outro importante dado que comprova esse resgate ambiental é o fato da RPPN ter sido reconhecida recentemente como o segundo local de maior ocorrência do papagaio Chauá (Amazona rhodocorytha) na região, de acordo com o último levantamento da fauna da região, promovido pela Usina Hidrelétrica de Aimorés.

“A ocorrência desses animais demonstra o acerto no processo de recuperação ecossistêmica implantado naRRPN Fazenda Bulcão desde seus primeiros plantios de mudas arbóreas, em 1999”, explica Jaeder Lopes Vieira, analista ambiental do Instituto Terra, ressaltando que a presença de um animal do porte da jaguatirica é indicador de que a teia alimentar está consistente, permitindo que esse felino, de topo de cadeia, se restabeleça no local. A jaguatirica é uma das 30 espécies de mamíferos já avistados na RPPN, assim como o papagaio Chauá é uma das 173 aves já registradas pelo monitoramento da fauna na fazenda, além de 16 espécies de répteis e 15 de anfíbios – muitas dessas espécies hoje em risco de extinção.

Segundo o analista ambiental, a floresta em franco crescimento na RPPN agora está suprindo a necessidade tanto de alimentação quanto servindo de área de reprodução para esses animais e aves que sofrem com a perda de seu habitat natural. Jaeder lembra ainda das ações de recuperação do Instituto Terra, que vão além do plantio de árvores e envolvem a proteção contra fogo e também de caçadores, além do trabalho permanente da educação ambiental, a fim de demonstrar à comunidade do entorno a importância da conservação e recuperação da Mata Atlântica.

Fundadores do Instituto Terra recebem prêmio na Rio+20

Lélia Deluiz Wanick Salgado e Sebastião Salgado receberam homenagem durante a Rio+20, pela fundação e o trabalho desenvolvido junto ao Instituto Terra. O casal recebeu o Prêmio-E na categoria Educação, em solenidade na noite do dia 16 de junho, no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. O evento reuniu mais de 500 pessoas, entre autoridades internacionais e nacionais, e personalidades do cenário cultural brasileiro.

O prêmio resultou de uma iniciativa da Unesco, Instituto-E e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, visando reconhecer as iniciativas mais representativas para promover o desenvolvimento sustentável nos últimos 20 anos. E nesta primeira edição, integrou o calendário oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), inserido no projeto Humanidade 2012.

Instituto Terra – Mais que plantar árvores e recuperar fontes de água, desde o início os fundadores se mobilizaram para tornar o Instituto Terra em um pólo irradiador de uma nova consciência ambiental, baseada na recuperação e conservação florestal, aumento da produção agrícola e melhoria da qualidade vida no meio rural.

Até o momento, mais de 700 projetos educacionais já foram desenvolvidos para um público superior a 66 mil pessoas, de 176 municípios do Vale do Rio Doce. Um público tão eclético quanto os programas de educação ambiental desenvolvidos, reunindo agricultores, estudantes, professores, líderes comunitários, profissionais e técnicos de empresas e Governos atuantes na questão ambiental, bem como a população das comunidades atendidas.

Para o Representante da UNESCO no Brasil, Lucien Muñoz, “o Prêmio-E é uma iniciativa importante especialmente por focar nas pessoas e em experiências pessoais que ajudam a transformar a realidade; o mundo não muda sozinho, quem faz as mudanças são as pessoas”. Muñoz destacou ainda a contribuição do prêmio para que o conceito de desenvolvimento sustentável seja amplamente compreendido, cobrindo aspectos que vão desde a economia até o empoderamento de grupos vulneráveis.

Também foram contemplados pelo Prêmio-E, a oceanógrafa Sylvia Earle (Environment), o ministro do Meio Ambiente da Itália Corrado Clini (Energy), o presidente da Conservation Internacional Russell Mittermeier (Earth), a Reciclanip na figura de Eugênio Deliberato (Economics), Mirian Vilela pela Carta da Terra (Empowerment), Benki Piyãko como e-brigader nacional e Maurice Strong, como e-brigader internacional.

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