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Leia a declaração de Juliano Salgado nos 25 anos do Instituto Terra

 

Boa tarde a todas e a todos.

Em nome do Conselho Diretor do Instituto Terra, da nossa equipe executiva e de todos os nossos funcionários, eu gostaria de reafirmar que é uma honra receber aqui em nossa sede tantos parceiros importantes: Governador Renato Casagrande, Douglas Krenak, Coordenador Regional da FUNAI , Sra. Franziska Troger da Embaixada Alemã, Sra. Saskia Berling do KfW e todas as autoridades e parceiros presentes aqui hoje.

Tivemos a oportunidade mais cedo de compartilhar um pouco dos nossos impactos ao longo dos últimos 25 anos, desde que Lélia e Sebastião tiveram a feliz iniciativa de fundar esta organização.

Com muito orgulho, anuncio que estamos lançando hoje o novo Programa Terra Doce, em parceria com o KFW e o WWF brasil, com o qual iremos recuperar 4.200 nascentes até 2027.

Por meio do programa Terra Doce, estamos reunindo a recuperação ambiental e a transformação social de uma região de 87.000 km².

Nossa metodologia inovadora começa na recuperação dos recursos hídricos.
A água, que revive a terra, as produções, a cultura e as pessoas, é o elemento principal dessa transformação.

A água abre caminho para a transformação das mentes e dos modos de produção agrícola ligados ao consórcio de árvores, florestas e agricultura.

Esta metodologia, adaptada às condições de uma região em processo de aridificação vai fazer com que o Rio Doce corra pelo Vale da Regeneração, das florestas e do desenvolvimento social verde, que vai enriquecer os mais pobres, reforçar a cidadania, respeitando os valores fundamentais do movimento ecológico: Democracia, Ciência e Transformação Social.

Nós sabemos, no entanto, que não chegamos até aqui sozinhos.

Se fomos capazes de desenvolver técnicas que nos permitiram replantar florestas nativas em uma região completamente degradada e em processo de aridificação, um caso único no Brasil, de recuperar córregos assoreados e de promover melhorias reais na qualidade de vida e renda de milhares de pequenos produtores rurais, isso só foi possível com o apoio de inúmeros parceiros.

Pesquisadores da academia, produtores rurais, povos indígenas, outras ONGs, quilombolas, ribeirinhos, empresas e diversas entidades da sociedade civil contribuíram ao longo desses 25 anos, cada uma ao seu modo, para que pudéssemos evoluir até aqui.

Por isso, é absolutamente claro de que apenas com a união de tantos saberes e um verdadeiro compromisso socioambiental é que seremos capazes de transformar nossa economia agrícola, em um modelo inclusivo e que respeite o meio ambiente, fazendo valer o direito que todos temos de respirar oxigênio, ter acesso à água e nos alimentarmos com segurança.

Hoje, o Instituto Terra assume o compromisso de se engajar para reunir todos aqueles que assim como nós, estão dedicando tempo, recursos e incansáveis esforços na busca por soluções para preservar e, restaurar o meio ambiente em toda a bacia do Rio Doce.

Nossa Mata Atlântica precisa ser respeitada e valorizada porque mesmo reduzida a meros 12% de sua cobertura original do seu equilíbrio dependem as chuvas, o clima, a agricultura e a própria economia da nossa região.

Precisamos urgentemente de um novo modelo de desenvolvimento para as cidades, mas sobretudo para o campo.

Temos hoje inúmeros hectares de pastagens degradadas na bacia do Rio Doce, o que gera graves consequências ambientais de um lado e parcos ganhos econômicos de outro.
Por isso, é chegada a hora de superarmos de uma vez por todas o antagonismo entre Progresso e Meio Ambiente

Precisamos deixar no século XX aquilo que não cabe mais.

Não cabe mais um modelo de agricultura e agropecuária que apenas extrai da terra, os recursos do planeta; que empobrece o solo, assoreia os rios, polui a atmosfera e, gera cada vez mais inflação sobre os alimentos e cada vez menos renda aos pequenos produtores, deixando a cada estação que passa a vida mais difícil para todos.

Precisamos de um modelo que inclua e respeite os direitos dos povos originarios, que são os maiores guardiões das florestas; que compreenda o papel estratégico da agricultura familiar na garantia da nossa soberania alimentar e que assegure o futuro das próximas gerações.

Neste dia 30 de setembro de 2023 fazemos um chamado para todas as organizações e lideranças da região para que possamos somar esforços na recuperação da bacia do Rio Doce.

Nossa proposta é articular a partir daqui uma ampla frente de desenvolvimento sustentavel e ecologico, que reúna especialistas, ativistas, ONGs, instituições do Estado lideranças e todos que estejam engajados com a recuperação ambiental da região. Queremos colocar nosso conhecimento à disposição de todos e contribuir em larga escala no combate às mudanças climáticas.

É tempo de devolver o Doce à Terra!

Antes de concluir, eu gostaria de recordar alguns versos da canção Refloresta, composta pelo nosso Ex-Ministro da Cultura e imortal Gilberto Gil, e tão gentilmente oferecida ao Instituto Terra em 2021:

Manter em pé o que resta não basta,
que alguém virá derrubar o que resta.
O jeito é convencer quem devasta,
a respeitar floresta.

Com esse espírito e com esse compromisso é que damos início hoje aos próximos 25 anos do Instituto Terra e da bacia do Rio Doce.

Muito obrigado a todas e a todos.

Juliano Salgado

Presidente do Conselho Diretor do Instituto Terra

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