Um total de 30 nascentes na cabeceira do Rio Capim, afluente do Rio
Manhuaçu que corta o município de Aimorés-MG, hoje estão cercadas e
preservadas, como resultado de um projeto desenvolvido a partir de uma
parceria entre o Instituto Terra, o Consórcio da Usina Hidrelétrica de
Aimorés e a Prefeitura Municipal de Aimorés, com o apoio do Instituto
Estadual de Florestas (IEF-MG) e da Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG).
Iniciado
em outubro de 2008, o projeto denominado “Doces Nascentes” acaba de ser
concluído e envolveu um conjunto de ações de recuperação e educação
ambiental em propriedades rurais selecionadas pelo projeto. “Como a
maioria das nascentes se encontra dentro de propriedades rurais, para
tornar essa ação uma realidade foi feito inicialmente todo um trabalho
de mobilização junto aos produtores rurais estabelecidos nas áreas
destacadas como prioritárias, para que eles efetivassem o cadastramento
das nascentes de suas propriedades”, explica Marcelino Mendonça de
Aquino, auxiliar técnico em Educação do Centro Avançado para
Recuperação de Áreas Degradas e Desenvolvimento Rural Sustentável do
Instituto Terra.
Aquino destaca também que a cabeceira do Rio Capim foi escolhida pela
função estratégica que representapara Aimorés. “O rio e seus afluentes
são responsáveis pelo abastecimento de cinco dos oito distritos do
município. E as atividades de agricultura e pecuária mais produtivas se
dão em suas margens”, acrescenta.
Os
resultados da ação de reflorestamento já começam a aparecer. Muitos
produtores rurais já relatam que perceberam um aumento da diversidade
de plantas dentro das áreas cercadas. E na medida em que a cobertura
vegetal das áreas manejadas esteja estabelecida, o que se espera é o
aumento do volume da vazão de água, favorecendo os produtores mesmo em
períodos de estiagem.
Segundo o modelo
de parceria estabelecido no projeto “Doces Nascentes”, coube ao
Instituto Terra, através doCentro Avançado e dos Agentes de
Desenvolvimento Rural Sustentável, promover as marcações para definir
as áreas prioritárias, prestar assistência técnica ao programa, bem
como fornecer as mudas de espécies de Mata Atlântica para a
recomposição vegetal no entorno das nascentes escolhidas. Os materiais
utilizados foram fornecidos pelo Consórcio da Usina, enquanto a
Secretaria de Desenvolvimento de Aimorés contribuiu com o transporte do
material até as propriedades atendidas. Já os técnicos da Emater-MG e
do IEF-MG ajudaram no contato com os 25 produtores rurais envolvidos,
que participaram diretamente dos mutirões para a execução do
cercamento.
O Rio Capim - A Bacia do Rio Capim abrange cerca de 80% do município de Aimorés,
banhando mais de 800 propriedades rurais e seis distritos do município.
Ele integra a Bacia do Rio Manhuaçu, que por sua vez é um afluente do
Rio Doce. O Rio Capim nasce no distrito de Alto Capim e banha os
distritos de São Sebastião da Vala, Penha do Capim e Conceição do
Capim, e deságua no Rio Manhuaçu a 10 km da sede de Aimorés. Toda a
área abrangida pelo Rio Capim constitui-se na maior produtora de grãos
do município de Aimorés e, como chove pouco na região, as águas do rio
são muito utilizadas para irrigação de arroz, feijão, milho e
frutíferas. Ao longo dos anos, a realização indiscriminada de queimadas
em suas margens, o superpastoreio, o desmatamento e a destruição das
matas ciliares têm levado a um acelerado processo de erosão e
assoreamento, inclusive com o soterramento de suas nascentes. Com isso,
o rio enfrenta o problema crescente da diminuição da quantidade de água
em seu leito, exigindo ações imediatas para sua recuperação, como as
promovidas pelo projeto Doces Nascentes.